Giovani, o assessor do Team Nadal no Brasil
- Escrito por Ariana Brunello
Giovani e o Team Nadal no Rio de Janeiro
Cicerone. Termo antigo usado para definir um guia de turismo, alguém que leva os visitantes para passear, mostrando a eles o que há de mais legal e importante na cidade, seja um museu, um parque ou um restaurante. No mundo do tênis também existe o trabalho do cicerone, que faz tudo isso e muito mais pelos grandes nomes do esporte.
Organizar compromissos, pensar no deslocamento, cuidar da alimentação, alinhar a agenda e os compromissos de acordo com os horários de treino, controlar o assédio dos fãs. Tudo para que o tenista entre em quadra descansado e focado somente no próximo jogo.
Depois da partida, hora de sair para relaxar, jantar naquele restaurante bacana e, no dia seguinte, aproveitar o pouco tempo livre para passear pelos pontos turísticos da cidade, afinal ninguém é de ferro, nem mesmo os profissionais do tênis. Aqui no Brasil, a equipe de Rafael Nadal já tem um cicerone pra chamar de seu. O Tennis Report bateu um papo com Giovani Prestes, que já está tão famoso por aqui quanto o tenista número 1 do mundo. Confira!
Quando você começou o trabalho de cicerone? Como é assessorar pessoas que vêm de fora? Você sempre trabalhou com isso?
Giovani - Tudo começou há uns 5 anos. Eu era concierge em um hotel de luxo em São Paulo e tinha como função receber hóspedes VIPs, entre eles artistas internacionais. Quando saí da hotelaria fui convidado pra trabalhar num festival de musica chamado SWU, fazendo parte da logística e da produção artística. Pra ser sincero, é a primeira vez que ouço a palavra "cicerone", ja ouvi diversos nomes que definem essa função, mas basicamente nós assessoramos essas pessoas VIPs em tudo que elas precisam. Ja trabalhei com muitos artistas, mas tenistas somente o Roger Federer e o Rafael Nadal. Assessorar essas pessoas é um trabalho completamente diferente. Cada um tem seu jeito, seus hábitos. Cabe a mim tentar entender suas vontades pra fazer a vinda deles no Brasil a mais prazerosa possível.
Você acompanhou Roger Federer na Gillette Federer Tour e também a equipe do Rafael Nadal no Brasil Open 2013 e no Rio Open. Como surgiu essa oportunidade em sua carreira?
Giovani - Essa oportunidade apareceu na empresa organizadora do Brasil Open. Eu havia trabalhado com eles em outros torneios de tênis e de futebol também. Eles me chamaram pra trabalhar na equipe de logística da Gillette Federer Tour. Acabaram me dando a função de “cuidar” somente do Roger Federer. Foi um trabalho muito difícil e que acredito que acabei desempenhando bem. Por consequência desse meu trabalho com o Roger, me chamaram pra fazer a mesma coisa com o Rafael Nadal. Durante o Brasil Open em 2013 acabei criando uma amizade com o Rafa, então para o Rio Open, eu fui chamado para trabalhar a pedido da própria equipe do Rafael Nadal.
Giovani e Roger na Federer Tour
O que você fazia por cada um da equipe, quais eram as suas funções e como era a rotina de trabalho?
Giovani - Nesse trabalho você acaba fazendo de tudo um pouco. Eu ajudava cada um da equipe de acordo com suas necessidades. Desde imprimir um arquivo para o agente até escolher um restaurante para jantar. Na maior parte do tempo minha função é cuidar para que o Rafa possa descansar para os jogos. Então ver a melhor maneira e menos estressante de deslocamento, antecipar suas necessidades quanto a alimentação, alinhar a agenda e seus compromissos de acordo com os horários de treino. Tudo para que ele possa entrar em quadra focado somente no jogo.
Qual a parte mais prazerosa e a mais difícil durante esses dias ao lado do Team Nadal?
Giovani - A parte mais prazerosa é estar junto da equipe. Todos são extremamente simples. Gente da melhor qualidade. Quando saímos para jantar dávamos muita risada. A parte dificil é lidar com o assédio. São raros os momentos em que ele não é assediado, mas é normal na vida de uma pessoa assim, e ele já está acostumado.
Jantar após a partida
Como conter a fúria dos fãs, que não são poucos aqui no Brasil?
Giovani - É complicado. Mas eu penso como se fosse um jogo de xadrez. Penso em todas as maneiras possíveis de fazer o Rafa se deslocar tranquilamente. Mesmo assim, sempre perguntava ao Rafa o que ele gostaria de fazer, pois mesmo eu criando um jeito dele sair sem ser notado, ele pedia para sair junto com os fãs! Ele gosta de atender o público. Aí nesse momento era trabalhar junto com muitos seguranças e contar com a compreensão do fãs.
Quais os pedidos mais malucos e os presentes mais inusitados que Rafael Nadal recebeu?
Giovani - Eu recebo pedidos de todo tipo. Seja autógrafo, foto, objetos pessoais do Rafa. Pedem para o Rafa gravar mensagens de vídeos para pessoas especiais. Durante essa semana recebemos pote de azeitona, pote de nutella, camisetas de times. Uma fã escreveu seu e-mail em uma concha do mar (rs)! As pessoas mandam muitas cartas também.
A criatividade brasileira
Ter acesso a um ídolo mundial é poder realizar alguns sonhos. Quais os momentos mais marcantes que você viveu e quais os encontros mais emocionantes que você promoveu entre os fãs e Rafael Nadal?
Giovani - Todo momento é especial, todo fã tem sua história, mas pelo menos uma vez por dia o Rafa realiza o sonho de algum fã especial. Durante essa semana promovemos o encontro de uma senhora de 88 anos que havia viajado muitos quilômetros para se encontrar com ele. Realizamos também um sonho de um garoto que teve uma infância difícil e que se inspirou no Rafa e no tênis pra tentar uma vida melhor.
Sonho realizado!
Além do Rafa, os outros membros da equipe também são muito assediados. O que de mais curioso e engraçado você presenciou entre os fãs e Toni Nadal, Carlos Costa, Rafael Maymó e até mesmo da namorada dele, a Xisca?
Giovani - Depois do Rafa, o mais assediado é o Toni. Não houve nenhum momento diferente envolvendo eles. O Toni concede muitas entrevistas também, além de fãs que pedem para tirar fotos. A Xisca às vezes é motivo de uma brincadeira ou outra de fã, mas ela é muito simpática e recebe as brincadeiras sem problemas.
O Team Nadal é conhecido por ser uma equipe extremamente profissional, que não faz muitas exigências e gosta de privacidade. É isso mesmo?
Giovani - São todos extremamente profissionais. Na véspera do horário do jogo todos ficam focados e concentrados para que tudo dê certo. Gostam um pouco de privacidade sim antes da partida, mas fora isso todos são super acessíveis. Como eu disse, eles são todos muito simples e não fazem nenhum tipo de exigência.
Quais os passeios que vocês fizeram juntos no Rio e em São Paulo e quais os passatempos preferidos da equipe nas horas vagas?
Giovani - Em São Paulo somente saimos para jantar. No Rio de Janeiro fomos ao Cristo Redentor e ao Maracanã. O passatempo preferido da equipe é comer bem. Todos, principalmente o Rafa, gostam de comer bem, então saimos muito para jantar. Só não saimos mais porque os jogos acabavam tarde e os restaurantes já estavam fechados. Todos da equipe amam futebol, adoram assistir aos jogos, em especial do Real Madrid, discutir sobre o esporte e em alguns momentos jogavam Ludo também.
Giovani e Rafael Maymo, fisioterapeuta de Rafael Nadal, no Cristo Redentor
Como um fã deve se comportar para ter sucesso na hora de pedir um autógrafo ou tirar uma foto? Qual o segredo?
Giovani - Eu aconselho todos os fãs a não ficarem histéricos. A gritaria e o fanatismo exagerados assustam qualquer ídolo. Esteja preparado. Tenha em mãos o objeto a ser autografado e uma caneta adequada. Não espere chegar próximo ao ídolo para ligar a câmera ou o celular.
Por acompanhar a equipe tantos dias, você já ficou famoso entre os fãs de tênis no Brasil. O que está achando dessa fama toda?
Giovani - Eu acho engraçado. Uns me vêem como uma pessoa boa e outras como o cara chato que não deixa chegar perto dele, mas faz parte do trabalho.
Seu trabalho é desejado por 10 entre 10 pessoas que amam o esporte. Para onde os interessados podem enviar um currículo?
Giovani - Eu posso me considerar uma pessoa de sorte. Eu não sou nada mais que um produtor de eventos. Procurem alguma agência de eventos, mas não adianta somente mandar o currículo, tem que fazer um trabalho bem feito e gostar muito do que faz. A sua chance pode aparecer quando você menos espera.
Antoniana Defilippo, fã de Rafael Nadal e agora também do Giovani
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Imagens: Arquivo Pessoal