Uma torcida passional
- Escrito por Ariana Brunello
Coletiva de Imprensa com Juan Monaco (Foto: Ariana Brunello)
Brasileiros e argentinos juntos, seja num estádio de futebol ou numa arena de tênis, é problema à vista. Que ambas são torcidas motivadas pela paixão que, na maioria das vezes beira a loucura, todo mundo sabe. Mas o que será que se passa na cabeça de um jogador de um esporte individual que exige concentração e paciência nos momentos decisivos da partida quando esses torcedores entram em cena?
Nos torneios sediados aqui no Brasil é comum ouvir vaias e xingamentos contra qualquer jogador oponente a um tenista brasileiro. Se for argentino, a situação é ainda pior. Foi assim na partida entre Thomaz Bellucci e Leonardo Mayer no Brasil Open 2012 e entre João Souza e Guido Pella na última edição do Aberto de São Paulo.
No duelo entre Thomaz Bellucci e Juan Monaco na segunda rodada do Rio Open não foi diferente. Se por um lado, a torcida brasileira merece nota dez ao incentivar incondicionalmente o tenista da casa, por outro pode ser cruel com quem estiver do outro lado da quadra. Mas será que esse comportamento nada habitual numa arena de tênis pode ser fator decisivo no jogo? Veja o que Monaco disse aos jornalistas logo após a derrota.
Quais suas impressões sobre a partida com Thomaz Bellucci?
Juan Monaco – Foi uma partida difícil, muito intensa. Thomaz jogou melhor do que eu, então tenho que parabenizá-lo. Agora vou seguir com meus treinos e acho que vou chegar melhor para o Brasil Open, em São Paulo, na próxima semana.
Você acha que faltou confiança para você nessa partida?
Juan Monaco – Sim. Não podemos esquecer que do outro lado sempre há um rival que pode jogar melhor do que você. São circunstâncias do esporte, onde se ganha, se perde. Não fui bem em meus três primeiros torneios este ano, mas pelo menos pude ganhar uma partida aqui no Rio Open. Aos poucos vou me sentindo um pouco melhor e espero que isso mude.
A torcida brasileira foi um problema para você?
Juan Monaco – Não. Antes do jogo eu já sabia que poderiam acontecer certas coisas. É normal pois o público brasileiro torce com muita paixão, principalmente por causa do futebol, assim como na Argentina. Vivem dessa maneira. Então temos que estar preparados para qualquer tipo de provocação. Os torcedores disseram muitas coisas ali pra mim, mas levei na brincadeira pois pela experiência que tenho não devo dar ouvidos a eles. Tento aproveitar o esporte da melhor maneira possível.
Você e seus companheiros de equipe estão chateados com a decisão de Juan Martin Del Potro de não disputar a Copa Davis?
Juan Monaco – Não estamos sabendo sobre os motivos da decisão de Del Potro. Já faz um tempo que não dividimos a equipe com ele e não sabemos porque ele não disputa a Copa Davis. Parece que há problemas com a Federação Argentina. Mas estou completamente alheio a isso. Não converso com a Federação e nem com Del Potro para saber o que está acontecendo.
Vocês, jogadores, já tentaram falar diretamente com ele?
Juan Monaco – Sim. Já tentamos muitas vezes, mas não conseguimos conversar. Fica difícil saber o que realmente está acontecendo quando ninguém sabe a verdade. O pouco que sei é por vocês, da imprensa.
Um dia antes, durante coletiva de imprensa, perguntei a Juan Monaco se ele vai mesmo se aposentar este ano. Pico negou: "Não tenho tido uma temporada muito boa, é verdade. E sempre que perco penso em me aposentar. Mas quando ganho minha vontade é jogar até os 40 anos."